É um dos mais modernos distritos industriais do Brasil. Possui toda a infra-estrutura básica para a instalação de toda e qualquer tipo de indústria numa área de aproximadamente dois milhões de metros quadrados inteiramente urbanizados. Funcionam atualmente no distrito cerca de 160 empresas, sendo predominante a de calçados e curtumes. Localiza-se à sudoeste da cidade...
A indústria calçadista emprega mais de 18 mil pessoas e responde por 27,2% do valor adicionado industrial da região. No entanto, a indústria de alimentos e bebidas lidera em valor adicionado (39,1%), sendo vice-líder em pessoal ocupado, com mais de 6 mil empregos. Também têm destaque a fabricação de artigos de borracha e de fabricação de máquinas e equipamentos, cada qual com participação de 7% do valor adicionado.
Indústria de Calçados de Franca
Sapato
O setor calçadista nacional é composto por aproximadamente 4 mil empresas, que geram 260 mil empregos. Apresenta capacidade instalada estimada em 560 milhões de pares/ano, sendo 70% destinados ao mercado interno e 30% à exportação, e faturamento de US$ 8 bilhões/ano. Com estes números o Brasil se coloca como o 3º produtor mundial de calçados, com 4,7 % de participação na produção mundial, que em 1998 foi de 10.979 milhões de pares, conforme podemos observar na tabela 1.
A Cidade de Franca (SP), produz cerca de 29 milhões de pares/ano, ou seja, 6% da produção nacional e responde por 3% das exportações totais. O pólo de Jaú (SP) tem uma produção estimada em 60 mil pares/dia e Birigui (SP) com 90 mil pares/dia.
A região Nordeste é responsável por cerca de 15% das exportações totais brasileiras.
A empresa Azaléia (RS) é a maior fabricante de calçados do Brasil e uma
das cinco maiores do mundo. Lidera a produção de calçados femininos do país (30 milhões de pares/ano) e detém cerca de 15% do mercado.. No segmento de calçados infantis, a Ortopé, em 1999 era a maior fabricante da América Latina, e produzia 13 milhões de pares/ano, seguida pela Klin (30 mil pares/dia).
Couro
O couro é considerado um material nobre, que pode ser utilizado praticamente em todas as partes do calçado, mas normalmente a sua utilização é aconselhável no cabedal2, no forro e em, alguns modelos, na sola. Um couro bovino pode produzir em média 20 pares de calçados e se apresenta nas fases cru, salgado, “wet-blue”3, crust (semi-acabado) e acabado. No anexo I podemos observar a evolução do mercado de couro no Brasil.
O couro traz algumas vantagens sobre os outros materiais como: alta capacidade de amoldar-se a uma forma, boa resistência ao atrito, maior vida útil, permite a transpiração e ainda aceita quase todos os tipos de acabamento. é importante ressaltar que a produção de couro até o estágio Wet Blue, produz 85% do resíduo ambiental da cadeia produtiva, enquanto a transformação de couro Wet Blue em calçado produz os restantes 15% do resíduo ambiental. A indústria calçadista de Franca está focada na fabricação de calçados masculinos de couro.
A Evolução Calçadista
- No final do século XIX havia 18 fábricas produzindo 30 mil pares de
calçados/mês.
- Em 1921 foi fundada por Carlos Pacheco de Macedo a fábrica de calçados
Jaguar.
- Em 1930 foram fundadas as fábricas de calçados Peixe e a fábrica de
calçados Lopes de Melo.
- Em 1935 foi fundada a fábrica de Calçados Samello e em seguida a Agabê,
Pestalozzi, Sândalo, Terra e Francano.
- Em 1970 foram iniciadas as exportações de calçados.
- Foi criado a INFAPEC, Cooperativa para exportação, formada pelas empresas
Agabê, Pestalozzi, Sândalo e Terra.
- Em 1980 as exportações já atingiam 35% da produção e assim foi até 1993.
- Em 1994 houve queda significativa no volume exportado, devido ao impacto
negativo da defasagem cambial.
- Em 1999 o volume exportado foi 73% menor que em 1993 e o faturamento
69% menor.
Característica da Indústria de Calçados de Franca
O pólo calçadista de Franca possui toda a estrutura produtiva de um cluster. Além de possuir as fábricas de calçados, a cidade conta também com produtores de insumos, como solados, adesivos, curtumes, matrizarias, máquinas e equipamentos, agentes de mercado interno e externo e, sobretudo, com instituições que procuram desenvolver e difundir inovações tecnológicas e gerenciais como o IPT, SENAI, SEBRAE e Universidades.
Atualmente o setor calçadista de Franca é composto por 360 indústrias de estrutura familiar que geram 16,9 mil empregos com piso salarial de R$193,61/mês. Essas empresas dedicam-se à fabricação de calçados, principalmente para o público masculino (75%), e/ou componentes.
Aproximadamente 10% são grandes empresas, 70% micros e pequenas empresas
e 20% é constituído de médias empresas.5 Há ainda uma série de empresas
prestadoras de serviços à indústria calçadista, como as chamadas “bancas6”.
São basicamente duas as razões que explicam a quantidade de micro empresas no parque produtivo local. Em primeiro lugar, o fato de que o processo de produção de calçados apresenta fortes descontinuidades, o que estimula a sua fragmentação. Esse fato, aliado às reduzidas barreiras à entrada verificadas no setor, permite o aparecimento de um número significativo de micro empresas especializadas em uma ou algumas das etapas do processo produtivo.
Considerações Finais
A indústria calçadista de Franca está relativamente atualizada se
considerarmos que as tecnologias mais modernas existentes no mundo ainda não trazem uma relação custo benefício satisfatório ao pequeno e médio empresário. Em relação às exportações, existem dois pontos importantes a explorar: o crédito e a promoção comercial. Como as encomendas para o mercado externo são de quantidades expressivas e longas, é necessário capitalizar as indústrias de forma a que possam comprar melhor e com maior vantagem suas matérias-primas e no caso de Franca, o principal insumo é o couro.
Quanto à promoção comercial, historicamente, as exportações brasileiras
de calçados aos EUA – nosso maior comprador – sempre foram feitas para
atacadistas, que capilarizam o produto no mercado doméstico americano. Esses intermediários são, em sua grande maioria, muito unidos e economicamente muito fortes, com grande poder nas negociações com pequenos/médios produtores locais. Desse modo, apesar de os nossos calçados de exportação levarem a marca "made in Brazil” (em alguns casos nem isso), não são identificados como produtos brasileiros, pois não levam o nome do fabricante e sim, o do atacadista importador, podendo ser substituídos facilmente, de acordo com a vontade do importador. é importante ressaltar que este é um ponto que traz grande fragilidade para o setor. é fundamental, portanto, que haja união entre as empresas exportadora no sentido de tornar a marca brasileira mais conhecida internacionalmente através de participação em feiras e outros eventos internacionais, pois a nossa participação nestes eventos ainda é muito pequena. Cabe mencionar que as empresas calçadistas de Franca estão longe da criação de consórcios para exportação, ou seja, existe um individualismo empresarial, que dificulta qualquer tipo de parceria entre as empresas voltadas ao comércio internacional.
Cabe ressaltar que o setor ainda tem muito o que avançar em matéria de comercialização e "design". Na última década, as empresas calçadistas de
Franca, e em geral as brasileiras, com honrosas exceções, se organizaram no
sentido de produzir mais e investiram pouco em "design" e na área de comercialização.
Em função do câmbio favorável, as exportações calçadistas esse ano
devem crescer cerca de 14% em relação a 1999 (as exportações de calçados de Franca devem crescer cerca de 7,5% no mesmo período). Não obstante, o setor tem que se posicionar melhor para enfrentar os obstáculos acima mencionados,caso queira manter e incrementar o atual volume de exportações.
Cooperativismo
Cooperativismo – um pouco de história
O modelo de trabalho cooperativista surgiu há cerca de 200 anos: a primeira cooperativa foi criada pelos Pioneiros de Rochdale, em 1844, em Manchester, na Inglaterra. Participaram da iniciativa 28 tecelões. O objetivo era driblar os efeitos da revolução industrial que escravizava os funcionários com carga horária excessiva e salários baixos. Influenciado por esta realidade, o grupo deu início à primeira cooperativa instituída no mundo.
Até hoje, o sistema vem evoluindo e se fortalecendo. Segundo dados da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) há hoje no mundo todo, mais de 1 bilhão de pessoas associadas a alguma forma de cooperativa. No Brasil, de acordo com o levantamento da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), existem no país 11 milhões de cooperados associados em 6.603 cooperativas, abrangendo nesses números familiares e comunidades, seguramente o sistema tem impacto direto em mais de 20% da população.
Foi comprovado que o IDH dos municípios onde existem cooperativas é maior que aqueles onde elas não atuam. Ou seja, quando o cooperativismo está presente, toda a sociedade compartilha de seus ganhos.
A Cocapec participa efetivamente do movimento cooperativista e mantém seu ritmo de crescimento e envolvimento com a comunidade. É considerada hoje como uma das melhores cooperativas do País, pois adquiriu credibilidade e prestígio junto a bancos e fornecedores, além de fornecer uma série de serviços e a estrutura necessária para o desenvolvimento da cafeicultura na região da Alta Mogiana.
Sete linhas orientam o cooperativismo
Os sete princípios do cooperativismo são as linhas orientadoras por meio das quais as cooperativas levam os seus valores à prática. Foram criados e utilizados na fundação da primeira cooperativa do mundo, na Inglaterra, em 1844 e permanecem até hoje. São eles:
1º – Adesão voluntária e livre – as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações sociais, raciais, políticas de sexo ou religião.
2º – Gestão democrática – as cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática.
3º – Participação econômica dos membros – os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades:
4º – Autonomia e independência – as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa.
5º – Educação, formação e informação – as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.
6º – Intercooperação – as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais – força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.
7º – Interesse pela comunidade – as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentável das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros.
O cooperativismo, em todos os seus ramos (Agropecuário, Saúde, Crédito, Consumo, Infraestrutura, Transporte, trabalho, produção, habitacional, mineral, especial e educacional) é uma forma de atuação e interação humana baseada no interesse pela comunidade, verificado como um de seus princípios fundamentais de ação, mas também, no trabalho e lealdade que requer, antes de tudo, a participação efetiva de seus associados.