Semanalmente, com sessões gratuitas e sempre às terças-feiras — e em outros dias da semana no caso de mostras especiais — o Teatro do Sesc Franca se transforma em palco para difusão de obras cinematográficas nacionais e estrangeiras, por vezes acompanhadas de bate-papo com diretores ou educadores do Sesc.
Para o mês de abril estão programadas 5 exibições — incluindo uma da Mostra Ecofalante de Cinema (um dos mais importantes eventos sul-americanos de produção audiovisual voltado para temáticas socioambientais).
O destaque fica para o documentário de longa-metragem “Maurina, o Outono que Não Acabou”, que faz um resgate histórico ao se debruçar sobre documentos, jornais, arquivos e entrevistas de ex-presos políticos, advogados, historiadores, religiosos e jornalistas que conheceram Maurina Borges da Silveira, uma freira mineira que se destacou por sua resistência durante o período da ditadura militar no Brasil e que viveu em Ribeirão Preto no período em que foi diretora do orfanato Lar Santana.
Viola Davis
Dirigido por uma cineasta mulher e que esteve entre os vencedores do 49º Festival Sesc Melhores Filmes é “A Mulher Rei”, que, de acordo com os votos do público do festival, é estrelado pela Melhor Atriz Estrangeira do ano de 2022: Viola Davis.
No épico, repleto de cenas de ação, ela interpreta a general Nanisca, que lidera um grupo de guerreiras responsável pela proteção do reino de Dahomey, na África do século XIX.
As personagens de “A Mulher Rei” são fictícias, mas todo o contexto histórico resgata a trajetória verídica das Agojie, um grupo de elite do exército africano, integralmente formado por mulheres, que eram reconhecidas pela coragem e agilidade nas lutas.
Mineiros soterrados
A coprodução CHI/EUA, “Os 33”, lançada em 2015 e estrelada por Antonio Banderas, Juliette Binoche e pelo brasileiro Rodrigo Santoro, narra a história real de um grupo de 33 mineiros que ficaram soterrados após um acidente na mina San José — região do deserto do Atacama —, no Chile, em 2010.
Um desmoronamento fez com que a única saída de uma mina fosse fechada deixando-os a mais de 700 metros abaixo do nível do mar. Os mineiros ficaram 69 dias debaixo do solo e a história foi acompanhada pelo mundo todo, que assistiu ao vivo às cenas do resgate todos os homens foram retirados do subsolo com vida.
Mais Pesado é o Céu
Entre os títulos brasileiros está “Mais Pesado é o Céu” cujo roteiro apresenta um panorama de personagens sem rumo na vida e que têm seus caminhos cruzados em meio a uma cidade apagada do mapa.
O filme se origina a partir de uma história verídica para costurar sua narrativa: o êxodo forçado do povo de Jaguaribara, município do interior do Ceará, que foi removido de suas casas em 2001 para a construção da barragem do Castanhão, uma das maiores da região Nordeste.
“Mais Pesado é o Céu” é uma contundente obra sobre como seres humanos postos em situações-limites se animalizam e se destroem, expondo um retrato sobre a falta de perspectivas no Brasil profundo.
Compondo a Mostra Ecofalante de Cinema, destaca-se o estrangeiro “Solo Comum”, premiado no Festival de Tribeca (EUA). O longa, dirigido por Joshua e Rebecca Tickell, aborda a agricultura regenerativa e seus benefícios para o solo, a saúde e a regulação do clima.
Mesclando exposição jornalística com histórias pessoais daqueles que estão na linha de frente do movimento alimentar sustentável, o documentário revela uma teia obscura de dinheiro, poder e política por trás do sistema alimentar global.