O Prêmio Educador Nota 10, maior e mais importante premiação da educação básica no Brasil, acaba de anunciar os finalistas da sua 27ª edição.
Ao todo, foram selecionados nove educadores de escolas brasileiras que desenvolveram projetos transformadores e de impacto em suas comunidades, alinhados aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas.
Neste ano, a premiação teve recorde de inscrições, com mais de 4 mil projetos inscritos, um salto de 45% em relação ao ano anterior. Os vencedores e o Educador do Ano serão anunciados no dia 28 de outubro em cerimônia presencial, na Pinacoteca, em São Paulo (SP).
O Prêmio valoriza iniciativas que contribuem para a transformação da educação brasileira e é realizado pelo Instituto SOMOS – organização sem fins lucrativos da SOMOS Educação, comprometida com a democratização do acesso à educação, à leitura e às competências do futuro em promoção da reinvenção da educação para o aluno.
Visibilidade aos educadores
“Este prêmio nos lembra por que fazemos o que fazemos. Nesta edição, vimos um salto de 45% nos projetos inscritos, trabalhos que vieram de todas as regiões do Brasil”, comenta Guilherme Mélega, presidente do Instituto SOMOS.
Segundo ele, “é estimulante conhecer iniciativas que saem dos muros da escola e alcançam a comunidade como um todo. Isso mostra a força e o protagonismo de quem está na linha de frente e reforça o papel do prêmio em dar visibilidade a esses educadores”.
A 27ª edição do Prêmio Educador Nota 10 conta com o patrocínio da SOMOS Educação, a parceria com o Grupo Bandeirantes e o Instituto Band, a auditoria da BDO Brasil e o apoio do Ensina Brasil, o Singularidades, da Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo, do Instituto Rodrigo Mendes e da Nova Escola.
Desde 2018, é a única premiação associada ao Global Teacher Prize, realizado pela Varkey Foundation, prêmio global de Educação.
Eixos temáticos
Ao longo de sua trajetória, o Prêmio Educador Nota 10 teve mais de 86 mil projetos inscritos e reconheceu 279 educadores, que receberam aproximadamente R$ 3 milhões em prêmios no total.
As iniciativas foram desenvolvidas por professores e gestores escolares de escolas públicas e privadas, da Educação Infantil ao Ensino Médio, alinhadas a três eixos temáticos: Direitos Humanos, Sustentabilidade e Inovação e Tecnologia. Foram selecionados três educadores de cada categoria. Confira quem são os finalistas e seus projetos:
Finalistas na categoria “Inovação e Tecnologia”:
Claudia Amaral, da Escola Estadual Cásper Líbero, de Bragança Paulista (SP), com o projeto “Meu Futuro Nesta Sociedade”
O projeto buscou trazer reflexões sobre pobreza, economia, educação financeira e empatia, com foco na formação cidadã e no protagonismo juvenil. Promoveu o uso da língua inglesa em contextos reais de comunicação, incentivou reflexões sobre o futuro e fortalece a autoestima e engajamento dos alunos.
Além disso, o projeto envolveu o intercâmbio virtual com estudantes de uma escola americana, além de atividades culturais, apresentações e a criação de uma página,
Jeyze Duarte Martins, da Escola Estadual de Ensino Médio Murumuru Anexo I, de Monte Alegre (PA), com o projeto “Circuito de Atletismo”
Realizado pelos alunos do 3º ano do Ensino Médio, promoveu o protagonismo juvenil por meio da organização de um evento esportivo pedagógico e, ao final, os alunos organizaram e participaram de provas de corrida, salto e arremesso, atuando como árbitros e monitores.
A iniciativa desenvolveu habilidades como liderança, comunicação e trabalho em equipe, superando desafios de infraestrutura com criatividade.
Priscila Fabiana Rodrigues Terencio, da Escola Estadual “Ângelo Scarabucci”, de Franca (SP), com o projeto “Chegadas e partidas: Histórias que se conectam”
Alunos e professores resgataram histórias da escola e do bairro, produziram conteúdos midiáticos e um documentário. A iniciativa valorizou a cultura local, desmistificou estigmas sociais e consolidou a escola como espaço de criação, acolhimento e transformação social.
Finalistas na categoria “Sustentabilidade”:
Gustavo Santos Bezerra, da Escola Técnica Estadual Professor Paulo Freire, de Carnaíba (PE), com o projeto “Dos resíduos aos recursos: Proposta de reutilização dos subprodutos das casas de farinha do Quilombo do Caroá”
Desenvolveu um projeto voltado à sustentabilidade e preservação ambiental no Quilombo do Caroá, buscando soluções para os resíduos tóxicos gerados pelas casas de farinha, como a manipueira e as cascas de mandioca.
Os estudantes elaboraram protótipos que reaproveitam esses subprodutos, transformando-os em materiais como blocos de construção, vinagre, biodigestores, madeira ecológica e plástico biodegradáveis.
Marta Maria da Silva, da Creche Maria Anunciada de Arruda-Irmã Linda, de Paulista (PE), com o projeto “Mar de Descoberta”
Desenvolvido com bebês, famílias e educadores, promoveu uma imersão sensorial no universo marinho. Inspirado em locais simbólicos da cidade de Paulista, utilizou ambientações com tecidos, sons, livros e elementos naturais para estimular a curiosidade, o vínculo afetivo e o desenvolvimento integral das crianças.
Rafael César Costa Silva, da Escola Estadual Governador Milton Campos, de São João del-Rei (MG), – com o projeto “Riscos em Perspectiva: o bairro Matosinhos em São João del-Rei (MG) em Maquetes”
Desenvolvido com alunos do 1º Ano do Ensino Médio, integrou teoria e prática para promover a compreensão dos riscos urbanos e ambientais na região da escola, buscando contribuir para a formação de jovens conscientes e capazes de propor soluções para uma cidade mais segura e sustentável.
Os alunos estudaram conceitos geográficos e construíram maquetes que representaram pontos de vulnerabilidade do território.
Finalistas na categoria “Direitos Humanos”
Lidiane Silva Pereira dos Santos de São Paulo (SP), do Colégio Santa Cruz – com o projeto “Voz de levante das trabalhadoras domésticas, estudantes da EJA” –
O projeto teve como foco investigar e valorizar as experiências de trabalho vividas pelos estudantes da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA), reconhecendo o trabalho como elemento estruturante de suas trajetórias de vida.
Com a articulação entre leitura, produção escrita, oralidade e análise linguística, o projeto apresentou um currículo que prevê a elaboração de caminhos individuais e coletivos de emancipação para a classe trabalhadora.
Maria Cristina Bezerra de Lima Castro, de João Dourado (BA), da Escola Municipal Professora Ida Bastos – com o projeto “Eu Vejo Você: o Clube da Leitura Antirracista”.
Promoveu uma educação inclusiva e representativa para alunos negros e quilombolas. A iniciativa surgiu como resposta às recorrentes situações de racismo e bullying vivenciadas no ambiente escolar, buscando fortalecer a autoestima, o senso de pertencimento e a valorização da identidade desses estudantes.
Com encontros semanais nas aulas de História, o clube promoveu a leitura e o debate de obras antirracistas, de autoria negra, criando um espaço seguro para o diálogo, a escuta ativa e o compartilhamento de experiências.
Renata Moura dos Santos, de São Paulo (SP), da Escola Municipal de Educação Infantil Parque Bologne – com o projeto “Pra ver se me enxergo!”
Buscou fortalecer a identidade das crianças e promover uma educação antirracista, apresentando referências artísticas negras periféricas, por meio de atividades culturais como leitura de livros, produção de maquetes e autorretratos. As crianças puderam se reconhecer, valorizar suas origens e refletir sobre a diversidade étnico-racial.
Prêmios
Os primeiros, segundos e terceiros colocados em cada categoria receberão, respectivamente, o prêmio em dinheiro no valor de R$ 25 mil, R$ 20 mil e R$ 15 mil.
Os vencedores também serão contemplados com bolsas integrais de pós-graduação do Singularidades e acesso à PROFS, plataforma online de formação continuada para educadores, desenvolvida pela SOMOS Educação.
Além disso, os três projetos indicados ao 1º lugar de cada eixo temático concorrerão ao prêmio Educador do Ano.
As escolas dos vencedores em 1º lugar também receberão acesso à plataforma de correção de redações Red1.000, desenvolvida pela SOMOS Educação.
O grande vencedor receberá uma doação para a escola em que o projeto foi realizado no valor de R$ 25 mil (que podem ou não ser atribuídos em produtos e/ou serviços).
Conheça a banca avaliadora desta edição:
Lino de Macedo, professor Emérito do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), é membro da Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica, do Instituto de Estudos Avançados, da USP, assessor do Instituto Pensi (Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil) e presidente anterior da Academia Paulista de Psicologia.
Natália Rosón, diretora de Desenvolvimento Profissional Docente da Fundación Varkey Argentina. É especialista em direção e gestão de Organizações Sem Fins Lucrativos (UdeSA), licenciada em Ciências da Educação (UBA) e professora do Ensino Fundamental. Por mais de uma década atuou como professora em instituições públicas e privadas na cidade de Buenos Aires.
Claudia Costin, presidente do Instituto Salto é professora e uma das mais respeitadas especialistas em educação do país. Fundou e dirigiu o Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi ministra da Administração e Reforma do Estado, secretária de Cultura do Estado de São Paulo e secretária de Educação do município do Rio de Janeiro.
Rita Esther Ferreira de Luna, diretora de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (DIFOR/SEB/MEC) é pós-doutora em Educação na área de Gestão das Políticas Públicas de Avaliação Educacional no Amazonas. Doutora e mestra em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFAM), com foco na área de pesquisa em Formação de Professores.
Semíramis Biasoli, secretária geral do FunBEA (Fundo Brasileiro de Educação Ambiental) é doutora em Ciências, com ênfase em Políticas Públicas Ambientais pelo Programa em Ecologia Aplicada da ESALQ-USP, (2015) advogada e Gestora ambiental.
Roju Santana, diretora executiva na Consultoria Educacional Passos Firmes é pedagoga e mestre em comunicação com fins sociais, mulher negra e nordestina do Estado de Pernambuco. Com mais de uma década de experiência no terceiro setor, apoiou Secretarias de Educação e escolas em 12 estados na implementação da Política Pública de Fomento à Educação Integral em Tempo Integral, formando técnicos, educadores e estudantes da Educação Básica.
Giselle Santos, Consultora Pedagógica de Inovação e Gestão de Portfólio do Instituto Escolas Criativas é educadora, empreendedora e especialista em edtech, dedica sua trajetória a desenhar futuros mais justos e inclusivos por meio da tecnologia, do acesso à informação e da inovação.